Quando eu pego na viola
Eu já garro a suspirá
Alembro do meu passado
Dá vontade de chorá
Nesse mundo eu já sofri
Eu mesmo posso aprová
Minha vida foi penosa
Eu agora vô contá
Eu completei quinze ano
Já comecei trabaiá
De peão de boiadeiro
Serviço profissioná
Eu lidava com boiada
Pulava pra lá e pra cá
E dormia no cerrado
No meio do carrascá
Eu saía com boiada
Antes do dia clareá
Repicava o berrante
Pro gado me acompanhá
Saía cortando chão
Passando em triste lugá
Passava rio, correnteza
Fazia o gado nadá
Eu tinha um cavalo preto
Que só fartava falá
Quando escapava um boi
Patrão mandava pegá
Eu jogava ele em cima
No meio do gravatá
E na chincha do meu macho
Eu trazia devagá
Assim foi a minha vida
Fui crescendo sem gozá
Trabaiando sem
Nunca pode remediá
Nunca pode ter no mundo
Um amor pra me agradá
Mas eu vivo conformado
A sina é só Deus quem dá